“Do or do not, there is no try”. É com essa imortal e pertinente citação de Mestre Yoda que inicio minhas reflexões sobre os meus 18 meses na Muni! Me chamo Thomas (https://www.linkedin.com/in/thomas-endler-br/ ), me juntei a Muni em meio à série A e liderei a construção do time comercial e a operação Brasil até o encerramento da Muni em dezembro de 2022.

Construir uma startup em early stage não é uma tarefa fácil, apesar de não ter tido outra experiência similar antes de ingressar na Muni, eu tinha isso em mente quando aceitei o convite da Maria para me juntar a equipe. É intenso, é desgastante, testa todos os seus limites e vai te ensinar na prática o significado de resiliência. E ao mesmo tempo é uma experiência é extremamente enriquecedora seja do ponto de vista pessoal e profissional, um verdadeiro MBA da vida real em todos os sentidos, que vai te fazer se sentir vivo a cada passo! Em termos menos polidos e mais literais, é uma mistura de “puta que pariu, por que eu não fiz isso antes” com “puta que pariu, que merda que eu fiz”, muitas vezes no mesmo dia inclusive! Acho que de forma geral, não existe certo ou errado, é uma avaliação muito pessoal e para mim valeu muito a pena!

Como legado quero deixar aqui algumas das reflexões que fiz ao longo após a minha jornada na Muni e que podem servir de conselhos àqueles que querem empreender ou se aventurar no universo das startups:

“Be stubborn on vision and flexible on details”: Na minha opinião essa citação de Jeff Bezos deveria ser um mantra repetido diariamente. O ambiente geralmente será caótico, um milhão de coisas acontecem ao mesmo tempo e não é possível (nem saudável) controlar tudo. Aceite! Para gerenciar isso é fundamental ter uma visão clara do quere se quer realizar e COMUNICAR essa visão repetidamente a todo o time! Se as pessoas sabem para onde estamos indo, elas tendem a agir de acordo em suas decisões e ações do dia a dia. Isso garante um certo nível de alinhamento e faz toda a diferença!

“O cliente sempre tem razão”: Essa afirmação não deve ser levada a cabo no sentido literal, afinal muitas vezes nem mesmo o cliente sabe exatamente o que ele quer (Como já exemplificaram Henri Ford e Steve Jobs). Mas sim na concepção de que o cliente precisa estar no centro da sua estratégia e ser levado em conta em cada decisão. Acredite, na prática é bem mais difícil do que na teoria, existem inúmeras pressões que vão te apontar na direção contrária, mas no final sem o cliente nada acontece (vale para aquisição, vale ainda mais para retenção).

“Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe.”: O seu time é o seu principal ativo, nunca esqueça disso. À medida que o negócio cresce você precisará inevitavelmente de pessoas com as quais dividir as reponsabilidades e o processo de tomada de decisão em diferentes áreas do negócio. Então contrate bem, treine e mantenha seus principais recursos sempre motivados e engajados. Esse tema aqui poderia render muitos parágrafos, mas vou me ater á uma dica prática que pode fazer toda a diferença: tenha um bom suporte de RH para HR Ops e recrutamento (seja interno ou terceirizado). Isso fará a diferença no caminho!

“Não há espaço para gente descompromissada”: Demita sem medo! Parece duro, mas é a pura verdade. Em um ambiente de recursos escassos, um profissional ruim ou descompromissado sobrecarrega todos os demais e pode virar um gargalo para o negócio. Não protele estas decisões, por mais difíceis que elas sejam!

“Time is Money”: O tempo é seu recurso mais escasso, priorize e delegue! Neurologicamente falando seu cérebro é capaz de fazer um número limitado de decisões todos os dias, adicionalmente, ininterruptamente você jogará contra o tempo e ele será implacável. Sobre priorizar: Separe o importante do urgente (“Old, but gold”), invista tempo de qualidade nas coisas importantes e decida/defina. As coisas que podem matar seu negócio são tão ou até mais importantes quanto aquelas que vão fazê-lo crescer. Aplique a lógica de MVP (outro mantra), mas tenha atenção as decisões estruturantes (conceito de “path dependence”). Sobre delegar: Desenvolva em sua equipe autonomia com responsabilidade. Lidere pelo exemplo em todos os sentidos (líderes também erram, isso não faz deles maus líderes). Escolha bem as pessoas e confie. Cuidado com o “incauto motivado” (pessoa sem capacidade com alta iniciativa), eles podem fazer uma bagunça.

“Uma decisão ruim é melhor que nenhuma decisão”: Mais uma vez reforço que o tempo é seu recurso mais escasso e seu também principal adversário. Se você não tomar uma decisão, acabarão tomando-a por você. Defina as suas prioridades e os temas nos quais você precisa r quer decidir. Ademais, construa um processo de tomada de decisão claro para a sua empresa dentro do escopo de autonomia com responsabilidade. O processo certo é aquele que funcionada para sua empresa agora, ao longo do caminho você vai refiná-lo. Tenha atitude e senso de urgência, feito é melhor do que perfeito.

“Não há atalhos para o sucesso”: Á todo tempo você “trocará o pneu com o carro andando”, faz parte! Com alguma frequência você terá que “vender o almoço para comprar a janta”, também faz parte! Só não deixe esse virar o seu “modus operandi”, o jeitinho na dose certa ajuda, em excesso corrompe e desvirtua. Tenha claro quais são os seus building blocks estruturais, defina a sua proposta de valor, mapeie os seus diferenciais competitivos e estabeleça o que você vai e o que você não vai fazer para entregar resultados. Reavalie estas questões sempre que julgar necessário, comunique-as com repetidamente com clareza e seja fiel a elas. Aconselho muito adotar o conceito de 20 Miles March como uma boa referência para o negócio!

Para finalizar gostaria de agradecer algumas pessoas (sim um pouco clichê, mas elas merecem e foram fundamentais na minha jornada na Muni): Obrigado Juancho (Juan David Quijano) e Vicente (Vicente Ocampo) pela amizade e parceria em cada passo. Obrigado Pedrinho (Pedro Pellegrini) pelo seu comprometimento inabalável e determinação, a área comercial não existiria sem você! Obrigado Rafa (Rafael Masuchelli) por todo o apoio, pelo ombro amigo e por dividir comigo a responsabilidade de liderar o time Brasil, você é foda! Obrigado a todo o time Muni por dividir essa jornada comigo, foi intenso e foi bom demais! E obrigado, Mari (Maria Echeverri Gomez), pela confiança, por todo o seu apoio, por fazer o que você acredita ser o certo sempre e pela amizade que construímos. Você é simplesmente fantástica “um mulherão da porra”, como se diz aqui no Brasil!

Para quem gostou e quer saber mais, me chama para um café!